Arte
Por Nathália Tourais

Saiba mais sobre a vida e obra de François Truffaut

Mostra no MIS traz retrospectiva do cineasta.

Além de diretor, Truffaut também era um ator respeitável (Reprodução)

A partir do dia 14 de julho, o MIS recebe a exposição Truffaut: Um Cineasta Apaixonado, em que os visitantes poderão entrar em contato com a vida, obra e o universo de François Truffaut. Com mais de 600 itens como desenhos, fotos, objetos, livros, revistas e roteiros com anotações, além de trechos de filmes e entrevistas, a mostra é uma homenagem aos 30 anos do falecimento do artista.

Com curadoria de Serge Toubiana, diretor geral da Cinemateca Francesa, a exposição revela a incrível trajetória cinematográfica de Truffaut. Para apresentar seu universo criativo, serão exibidas referências que ultrapassam as telas, como elementos de sua infância em Paris e sua participação na revista Cahiers du Cinéma.

Assim, o Guia da Semana lista algumas curiosidades para você saber antes de visitar a mostra, que fica em cartaz até dia 18 de outubro. Confira:

INTERESSE PELA ARTE E SOBRENOME

Truffaut nunca conheceu o pai biológico e foi criado pelos avós, pois sua mãe também o abandonou ainda criança. Seu avô era extremamente rígido e foi sua avó quem despertou seu interesse por música e literatura. Quando seu avô faleceu - ainda na infância -, Truffaut foi morar com a mãe, que estava casada com Rolland Truffaut, um famoso arquiteto que acabou registrando-o com seu sobrenome.

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PRIMEIRO CONTATO COM O CINEMA

O cinema entrou em sua vida aos sete anos de idade. Paradis perdu, de Abel Gance, foi o primeiro filme que assistiu... e o suficiente para fazer com que se apaixonasse perdidamente pela sétima arte.

FASE REBELDE E PRISÃO

Renegado pela mãe e pelo pai adotivo, o cineasta tornou-se rebelde e um péssimo aluno. Faltava nas aulas para assistir filmes escondido e na mesma época começou a cometer furtos. Com apenas 14 anos, abandonou definitivamente os estudos. Mais velho, Truffaut escrevia para a revista "Elle", mas largou o emprego e alistou-se nas Forças Armadas francesas. Arrependido, tentou fugir e acabou preso por deserção.

CERCLE CINÉMANE

A paixão pelo cinema fez com que ele criasse um cineclube chamado Cercle Cinémane, em que um grupo de pessoas assistia a filmes e, depois, discutia a respeito. Porém, a França estava em um período cultural de extremo movimento e existiam diversos clubes de cinema, o que fez com que o seu não durasse muito.

ANDRÉ BAZIN

André Bazin era escritor, crítico de cinema e fundador do cineclube Travail et culture. Quando soube que o Cercle iria fechar, foi conhecer Truffaut e sensibilozou-se com o jovem cinéfilo, passando a ter grande influência em sua vida. A partir dessa época, o cineasta passou a ver três filmes por dia e ler três livros por semana e, anos depois, tornou-se secretário pessoal de Bazin, que o introduziu e o guiou no mundo cinematográfico.

CAHIERS DU CINÉMA


Fundada por André Bazin e alguns amigos, 'Cahiers du Cinéma' foi uma revista sobre cinema extremamente influente na França. Lá, Truffaut passou a escrever críticas de filmes e publicar entrevistas com diretores.

NOUVELLE VAGUE

Ao lado de nomes como Alain Resnais, Claude Chabrol e Jean-Luc Godard, o cineasta foi um dos fundadores do movimento Nouvelle Vague, surgido no final da década de 50 e que repensava a linguagem cinematográfica, dando um tom mais realista às produções

CARREIRA

Seu primeiro filme, Os incompreendidos (1959, alcançou sucesso imediato e premiou Truffaut no Festival de Cannes como melhor diretor. Esse e seus longas seguintes estavam em contraste marcante com a maioria dos filmes franceses da época, usando muita improvisação, edição bastante incipiente e pequenos orçamentos. Seu mais aclamado filme, Jules e Jim – Uma mulher para dois, foi lançado em 1961 e é considerado um clássico do cinema francês.

Sua carreira como diretor deslanchou no final da década de 1960 e início de 1970 com uma série de filmes de sucesso, incluindo Beijos Proibidos, As Duas Inglesas e O Amor e a Noite Americana, pelo qual ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro.

A maioria de seus filmes tinham um elemento semibiográfico, refletindo sua vida e seus humores, o que fez com que ele se tornasse um verdadeiro poeta.

ATOR

Além de diretor, Truffaut era também um ator respeitável, aparecendo em vários de seus próprios filmes (principalmente em O Garoto Selvagem). Ele também estrelou, em 1977, o aclamado Contatos Imediatos do Terceiro Grau, de Steven Spielberg.

ÚLTIMO FILME

Pouco depois de completar seu último filme, De Repente Num Domingo, Truffaut foi diagnosticado com um tumor no cérebro e, depois de um declínio lento, morreu em um hospital em Neuilly, na França.


Por Nathália Tourais

Atualizado em 6 Jul 2015.