A cidade de São Paulo tem agitado o cenário cultural com dezenas de opções de musicais, peças de teatro e exposições. Entretanto, muita coisa bacana também acontece para quem gosta de dança. Seja nas tradicionais apresentações de ballet ou de grupos de diferentes estilos, tem opção para todos os gostos.
Por isso, o Guia da Semana lista os espetáculos de dança mais bacanas de abril. Confira:
DESMONTE
A partir da doença grave de seu parceiro, a bailarina Juliana Moraes passou a levar para os ensaios um livro que havia comprado muitos anos antes, O Diário de Nijinsky, depoimento do artista escrito em 1919, nas semanas que precederam sua internação em hospital psiquiátrico (de onde nunca mais sairia). Inicialmente escrito em prosa articulada, aos poucos as palavras do diário se desmontam em onomatopéias, repetições silábicas e fluxos de pensamento sem nexo aparente.
Juliana passou a se gravar lendo esses poemas, além de escrever textos próprios e adquirir o hábito de registrar pessoas falando na televisão, na rua, em cafeterias etc. Os sons derivados das falas gravadas se tornaram o estímulo para a criação de uma movimentação acelerada e fragmentada - muitos gestos a habitar o mesmo corpo que, aos poucos, vai entrando em curto-circuito.
Nos primeiros 16 minutos de DESMONTE, a artista usa fones de ouvido para escutar os sons e vozes por ela gravados. A plateia escuta somente o barulho da movimentação. Juliana faz do limite a estrutura de seu estado corporal, desafiando-se à vista do público, às vezes sendo mais capaz de controlar os impulsos, às vezes completamente passiva às vozes e sons que ela escuta através dos fones.
A relação de ambivalência entre controle e descontrole se expande também para campainhas operadas pela cabine, que comandam a respiração da intérprete, e movimentos tradicionais do balé clássico – técnica na qual Nijinsky se tornou exímio – e que Juliana tenta, desde os oito anos de idade, trazer para seu corpo.
Desmonte lida com muitas camadas de signos, emoções e sensações: a dor do outro para não se perder na própria, a fala que se transmuta em gestos, o balé e sua relação disciplinar pela repetição, estados de presença poética entre o controle e a entrega, o limite não como representação, mas como estrutura cênica.
Serviço:
Onde: Galeria Olido - Avenida São João, 473
Quando: De 31 de março a 4 de abril. Quinta a sábado, às 20h e domingo, às 20h.
Quanto: Grátis. Retirar ingressos com uma hora de antecedência.
Segunda temporada
Onde: Galeria Oswald de Andrade – Área de Convivência
Quando: 6 a 9 de abril, às 20h30
Quanto: Grátis. Retirar ingressos: com uma hora de antecedência.
NÃO TE ABANDONO MAIS, MORRO CONTIGO
O espetáculo apresenta dois amantes cansados e desiludidos pelo fim de uma paixão que se diluiu por conta da inevitável ação do tempo. Ambos já estão mortos desde o momento em que se olham e se tocam. Suas almas já partiram cabisbaixas para o desconhecido há tempos. O que prevaleceu foi o amor, como sentido de ausência de toda esperança.
Como um desabafo, se entrelaçam desesperadamente em uma cama, numa espécie de dança da morte, completamente destituídos de tudo, exceto de uma inevitável necessidade de sexo para celebrar o desenlace.
Assim, é simplesmente a insuportável constatação de que nada restou para eles, e o desejo de se libertarem deste nó górdio os faz cúmplices, e os torna terrivelmente unidos.
Serviço:
Onde: Kasulo Espaço de Arte e Cultura
Quando: Até dia 3 de abril. Sexta e sábado - 21h; Domingo - 19h
Quanto: Grátis
BALÉ DA CIDADE
O Balé da Cidade de São Paulo foi criado em 7 de Fevereiro de 1968 e o rigor e padrão técnico de seu elenco e equipe artística atraem os mais importantes coreógrafos brasileiros e internacionais interessados em criar obras para seus bailarinos e artistas até os dias de hoje. O conjunto de suas conquistas demonstra a importância da sua atuação na cultura da cidade de São Paulo, capaz de produzir arte de qualidade para a população da cidade.
Onde: Clube Hebraica
Quando: dias 16 e 17 de abril - sábado às 21h e domingo às 18h
Quanto: de R$40 a R$80
A EXCELÊNCIA DO BALLET RUSSO
O espetáculo reúne os melhores momentos de "O Lago dos Cisnes", "Romeu e Julieta", "A Bela Adormecida", "O Quebra Nozes", "Scheherazade", "Gisele", "Spartacus", "Corsario", "Cinderela", "Carmen", "Don Quixote", entre outros. A iniciativa de trazer a CIA ao Brasil foi do produtor brasileiro Augusto Stevanovich com apoio do ministério da cultura da Rússia. A sua intenção faz parte de uma campanha de popularizar o Ballet Russo em todo o Brasil e preservar a herança da coreografia russa e da Europa ocidental. Nesta turnê, Augusto Stevanovich reuniu os principais solistas das renomadas cias russas. São 20 solistas que se revezam durante a programação nos 27 estados brasileiros.
Serviço:
Onde: Teatro Frei Caneca
Quando: Dia 25 de abril, segunda às 21h
Quanto: De R$100 a R$150