Arte
Por Nathália Tourais

10 espaços e galerias que você precisa visitar na SP-ARTE 2016

A feira é grande e para que você não fique andando sem rumo, listamos alguns dos espaços que mais gostamos.

Divulgação

Referência no mercado de arte, a SP-Arte realiza sua 12ª edição e traz para o Pavilhão da Bienal, em SP, 122 das principais galerias do Brasil e do mundo, sendo mais de 15% inéditas. O evento vai até domingo, 10 de abril.

Entre expositores nacionais e internacionais, novidades no mercado e nomes renomados, setores curados, performances, solos, showcases e open plan, o Guia da Semana esteve no evento para conferir tudo o que acontece entre os corredores e andares da Bienal.

Como os próximos dias prometem estar cheios, são muitos expositores e a visita é extremamente cansativa para quem não conhece, listamos 10 espaços incríveis que valem a pena. Confira:

KRËËMART

A Krëëmart é uma galeria com sede em Nova York que leva artistas contemporâneos fora de seu habitual processo criativo, fornecendo o meio de açúcar como sua provocação final. Já representou Marina Abramovic, Maurizzio Cattelan, Vik Muniz e muitos outros.

No espaço do evento, trabalha com a artista italiana Romina de Novellis, cujo trabalho artístico aborda o conceito do corpo no espaço público e lida com a vulnerabilidade sujeitando-se ao olhar público.

Dentro de uma gaiola feita de arame e madeira, Romina senta desnuda com 500 rosas brancas no chão. Com o passar das horas, começa a encaixá-las entre as aberturas de malha de ferro, construindo paredes de rosas em torno de si mesma e tornado-se cada vez mais obscurecida.

A obra, chamada La Gabbia, é sobre o sofrimento universal do corpo, onde uma mulher escolhe escapar por asfixia, apagando seu próprio corpo e espírito através de um gesto trágico e ao mesmo tempo poético. E o que resta para nós é uma gaiola construída por rosas danificadas e a sombra do corpo contidos.

Continua depois da publicidade

PSM GALLERY

A PSM Gallery fica em Berlim e trouxe para a SP-Arte o trabalho da artista Marília Furman, que dá forma às tensões existentes na moderna sociedade produtora de mercadorias, procurando trazer à sensibilidade imediata as estruturas intangíveis e abstratas, mas ostensivamente opressivas e violentas, que regulam as relações sociais.

Assim, é encarnado num jogo de interação ou oposição entre diversos materiais de uso, que são apresentados em sua pureza ou brutalidade de sua degradação. Assim, a força da dimensão poética, que salta aos olhos - e seduz, ainda que por um instante - é a peça estrutural de um dispositivo em que a interação dos materiais aponta para a interação conflitiva das forças sociais.

GALERIA MAMUTE

A Mamute é uma galeria de arte voltada à produção contemporânea, representando artistas que trabalham com distintas plataformas - pintura, desenho, fotografia, escultura, gravura, vídeo e novas mídias. Para essa edição da feira, leva trabalho dos artistas Bruno Borne; que trabalha com a reprodução de imagens gráficas, Pablo Ferretti, que nos traz telas que apontam o impermanente e, ao mesmo tempo, o permanente, com a ideia de que tudo está sempre em constante movimento; e Ío, um duo de artistas formado pelo casal Laura Cattani e Munir Klamt, ambos doutorandos em Poéticas Visuais, que desenvolvem trabalhos plásticos com diversos meios, contextos e plataformas, tais como vídeos, instalações, desenho, web art, performance ou fotografia, relacionando problemáticas do ser e provocando quem admira suas criações.

GALERIA MEZANINO

Há dez anos no mercado de arte, em São Paulo, a Galeria Mezanino foi um projeto itinerante e inovador que apresenta exposições temáticas e individuais de artistas consagrados e também em início de carreira. O espaço feito para a SP-Arte chama a atenção pelos objetos musicais belíssimos do artista Siri.


Para quem ainda não o conhece, Siri é um multi-instrumentista premiado e renomado, que constrói seu discurso através de performances e arte sonora. No ano de 2007, adentrou no universo das artes plásticas sem abandonar elementos constitutivos de sua experiência musical. Na obra acima, exposta na feira, podemos ver o choque entre o beijo de duas trompas, uma do século passado e outra de última geração.

Além dele, o gênio das cores Sérgio Lucena expõe duas telas incríveis. Seu trabalho é extremamente contemplativo, silencioso e trata de uma memória subjetiva que nos lança ao infinito. Ele define sua busca como um sentido e gosto pelo universo, cuja manifestação se dá pela correspondência entre o mundo exterior e o mundo interior.

A terceira artista do local é Edith Derdyk, que nos traz a linha e o traço nas suas mais diversas formas. Estudante de astrofísica, ela nos mostra a construção e desconstrução de fios e retas em sua forma mais simples e primitiva, como mais densa e influenciada pelos fatores externos, como a gravidade, em composição com o espaço.

CHOQUE CULTURAL

O espaço Choque Cultural busca levar ao visitante um pouquinho do espírito da galeria -meio dentro e entre paredes, meio fora e em contato com a rua - que já é conhecida por muitas pessoas.

Com murais (em tamanhos diminuídos) e uma pocket praça, o ambiente é aconchegante, descontraído e as obras conversam bem. Entre os artistas representados estão os skates de concreto, lataria de fusca, mármore e vidro de Ale Jordão, bem como as famosas esculturas luminárias de neon montadas em carrinhos de supermercado - trabalhos que resultam da exploração do campo entre arte e design, entre o objeto escultórico e o funcional.

O muralista Daniel Melim também faz parte da feira, com um permanente trabalho de cunho político-social, realizado junto a comunidades de sua cidade envolvendo graffiti em processos participativos e educativos.

Rafael Silveira também destaca-se entre as obras com criações que unem o imaginário e as construções simbólicas por meio de suas telas-objetos com molduras esculpidas, que exemplificam a atmosfera, ao mesmo tempo surreal e pop, que envolve a sua obra.

PASTO GALERIA

A Pasto Galeria é focada em arte contemporânea, fica em Buenos Aires e representa jovens artistas argentinos - e três deles estão na feira desse ano. Juan Sebastián Bruno é designer gráfico e artista visual e destaca-se pelas obras de cunho religioso, onde traz estruturas de igrejas antigas barrocas, que dão origem a criações minimalistas.

Além dele, ainda estão presentes o pintor Victor Florido e Estefanía Landesmann, uma fotógrafa incrível com um olhar extremamente sensível. Suas imagens são, em sua maioria, feitas em ambientes extremamente escuros e fotografadas em longa exposição.

GALERIA INOX

A galeria é do Rio de Janeiro e para os dias de feira trouxe trabalhos de sete artistas incríveis. O cubano Jorge Meyet traz em suas obras belíssimas a nostalgia de sua terra natal. Não apenas o sentimento da perda, mas a idealização do que ficou para trás. Na memória afetiva, as lembranças negativas vão diluindo, tanto pelo distanciamento físico quanto temporal.

Além dele, Celina Portela também traz obras maravilhosas, que possuem uma conexão direta com o universo coreográco, de onde se origina seu interesse pelo corpo e pelas questões de sua representação. Renato Bezerra de Mello, Livia Moura, Abraham Palatnik e muitos outros também ganham destaque na Bienal.

RICARDO CAMARGO GALERIA

O espaço da Ricardo Camargo Galeria chama atenção de longe. Com cores vibrantes e muita referência da pop-art, o espaço é dedicado ao estilo em diferentes momentos, sob os olhos de 12 artistas.

Com Claudio Tozzi, Wesley Duke e um time de peso, a galeria mostra obras que se apropriam do pop e trazem temas relevantes para o Brasil em diferentes momentos, com uma carga política intensa - o que também casa com o atual cenário do país.

SOLO SHOWS

O espaço da Solo Shows está realmente um show a parte. O ambiente conta com obras de 10 artistas, um mais interessante que o outro. De cara, somos levados a uma parede com o letreiro vermelho e azul MasturBar, da artista Fabiana Faleiros, que aborda o tabu da masturbação feminina em duas obras.

Em seguida, no chão, avistamos almofadas coloridas de Melissa Stabili, feitas em diferentes formatos, texturas e dimensões. A proposta? Trazer para a realidade adulta o conforto da infância, que vamos perdendo no decorrer da vida.

Em outras obras, é possível ver o olhar de alguns artistas sobre o Brasil, como a extração do látex na Amazônia, a vida de Luz del Fuego numa ilha nudista e também uma curiosa junção de fotografias de monumentos em condomínios do Rio de Janeiro (obrigatoriedade imposta na época) seguida de um texto feito pelos porteiros dos respectivos prédios.

Ficou com vontade de visitar? Então confira o vídeo que gravamos, em parceria com a produtora de vídeos Humus Produções, com mais curiosidades dessa edição:

Por Nathália Tourais

Atualizado em 9 Abr 2016.