Esportes
Por Paulo Marcondes

Do UFC à auto-ajuda, uma tarde de autógrafos com Bruce Buffer

Conhecido e reconhecido como a “voz do octógono”, narrador americano lançou seu livro em SP nesta semana.

Aclamado pelos fãs, Bruce Buffer falou de MMA, mulheres brasileiras e, é claro, seu livro (Paulo Marcondes)

Pouco mais de 15 pessoas formam uma pequena fila no segundo piso da Livraria Cultura do Shopping Market Place, na região do Morumbi, por volta das 11h30 da manhã da segunda-feira, 5 de agosto. Rodeado por escritórios, o shopping vai ficando mais povoado a medida em que o horário do almoço se aproxima, e cada vez mais homens e mulheres alongam a fila. O assunto das conversas no local, agora com quase 50 pessoas, é a polêmica luta de sábado entre o brasileiro Lyoto Machida e Phil Davis, pelo UFC 163 no Rio de Janeiro, em que a contestada vitória foi dada ao americano.

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Na cabeceira da fila, um grande poster de Bruce Buffer com a testa franzida e o punho cerrado, ao lado de uma mesa de madeira. É ali que Bruce surge de súbito por volta do meio-dia, saudado por explosões de flashes de máquinas fotográficas.

Bruce Buffer, 56, é o showman que apresenta todas as lutas do Ultimate Fighting Championship ao redor do mundo, com seu indefectível terno e voz aveludada. Como marca registrada, ele introduziu uma maneira própria de anunciar cada lutador antes dos embates, seja fazendo o seu chamado 180º e virando-se bruscamente de um combatente para o outro, ou soltando a garganta demoradamente com o bordão “It’s Time!” - algo como “Chegou a hora!”, que também dá nome ao livro que Bruce veio a cidade lançar.

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Com 279 páginas narradas na 1ª pessoa, em “It’s Time! Minha Visão 360º do UFC” Bruce conta sua criação entre a Filadélfia e a Califórnia, numa típica família patriarcal do século XX, com um pai durão e uma mãe terna. Enquanto o primeiro lhe deu uma educação quase militar e o ensinou a usar os punhos na hora certa, a mãe ítalo-americana encheu Bruce e o irmão de carinho. O livro passeia pela história de vida do narrador, pelos bastidores e a criação do UFC e até pela auto-ajuda empresarial - com direito a uma página com “10 Dicas para Começar o seu Negócio”.



Mas ninguém ali parece se importar muito com as 279 páginas, todos estão ávidos por uma foto e, quem sabe, ouvir seu nome na voz do octógono: “Daaaaaaa Silllvaaa!” grita Bruce a pedido de um fã, transformando-o num gladiador feliz como uma criança.


Outro, mais fanático ainda pelo esporte, trouxe uma réplica de um cinturão para a foto. Já um senhor oriental de terno presenteia Bruce com a camisa do Palmeiras. Até mesmo o lutador Viscardi Andrade, que estreou com vitória no UFC do último sábado, aparece para pegar seu autógrafo. “Ele é muito simpático”, solta uma moça vistosa saindo com o livro na mão, devidamente assinado e dedicado: “Fique linda pra sempre!”, em inglês. “As brasileiras são naturalmente sensuais, acho que as americanas poderiam aprender um pouco com elas... Eu absolutamente adoro as brasileiras”, confessa Buffer.



Perguntado sobre o sucesso do esporte, Bruce diz sentir-se num assento de primeira fila enquanto vê de perto o MMA (Mixed Martial Arts) e o UFC crescerem ao redor do planeta. “Desde a primeira vez em que pisei num octógono, eu soube que isso tinha potencial para ser o que de mais importante aconteceria no esporte, pelo menos no mundo da luta”.


Neto de pugilista profissional e filho de um boxeador da Marinha dos Estados Unidos, Bruce pratica artes marciais desde os 12 anos e sabe bem do que fala. “No começo eu percebi que era um grande espetáculo, um esporte que ainda não era perfeito, até que Dana White e os irmãos Fertitta (sócios-proprietários da marca UFC) deram a liderança, o tratamento e o refinamento certos para que evoluísse naturalmente”.


Voltando ao livro, apesar da introdução sobre a lesão que adquiriu fazendo um de seus saltos na hora de apresentar os lutadores, Bruce leva quase 70 páginas até chegar ao seu envolvimento com o mundo do UFC, em meados da década de 1990.



Ao longo dos capítulos, o narrador destila seus “bufferismos” - pequenas dicas e lições muito próximas da auto-ajuda, sobre confiança, negócios e, é claro, lutas e mulheres. “Acho que o mundo hoje carece de modelos para que as pessoas se inspirem, então eu queria que o livro fosse motivacional e passasse algumas das coisas que aprendi na vida”.


O carisma e a gentileza com cada um dos mais de 100 fãs, incluindo garçons e muitas crianças, não deixam o narrador sentar-se por um instante sequer durante mais de 1h30 de autógrafos. Bruce se resume como um “catalisador de energia” do público durante o anúncio das lutas. Para ele, os brasileiros, em pouco mais de 20 mil espectadores na arena, conseguem passar a energia de 70 mil. Foi isso o que Bruce sentiu sábado, no UFC 163, que esclarece: “eu sou apenas o mensageiro, não o juiz... Mas achei que Lyoto venceu”.


Por Paulo Marcondes

Atualizado em 16 Out 2013.