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Por Redação Guia da Semana

Geração saúde?

Procurados frequentemente por atletas ocasionais de academias, os suplementos vitamínicos não são tão inofensivos quanto parecem.



Quem já frequentou uma academia na vida, deve ter conhecido aquele cara que não dispensa uma barrinha de proteína depois do treino. A esse personagem, podemos adicionar os shakes, comprimidos e xaropes, consumidos aos montes por aqueles que estão a fim queimar a barriga de chope mais rápido ou aumentar o peitoral para a próxima balada. Mas com a presença cada vez mais constante desses produtos, começou a surgir uma dúvida nas salas de musculação: será que eles funcionam como complemento inofensivo ou possuem substâncias que alteram o metabolismo do organismo? Falando em português claro: suplemento é bomba?

Propaganda enganosa

De acordo com uma pesquisa do Instituto Adolf Lutz, a resposta positiva parece mais próxima da realidade. O estudo, encomendado pela Vigilância Sanitária, comprovou que em cada quatro suplementos vitamínicos comercializados, pelo menos um camufla a presença de esteroides anabolizantes proibidos no Brasil. A informação foi obtida através da produção de um relatório, que analisou 111 amostras vendidas em academias de ginásticas da capital e interior de São Paulo. Embora os nomes dos produtos analisados não tenham sido divulgados, os dados apontam que a maioria é consumida através de indicações de amigos ou instrutores, sem o acompanhamento médico.

Para a pesquisadora da seção de antibióticos do Adolfo Lutz, Blanca Elena Ortega Markman, o maior problema está nos rótulos, que não são claros e tornam difícil de identificar (quando não omitem) a presença de anabolizantes. "As principais dificuldades apresentadas são a falta de informação nas embalagens e a ausência de registro no Ministério da Saúde. Muitos chegam ao país fora das normas de legislação. Além de tudo, prometem resultados que não podem cumprir, como aumento de massa muscular em um curto espaço de tempo".



Suplementos x Anabolizantes


Segundo a nutricionista esportiva Maria Luisa Bellotto, as principais diferenças entre suplementos e anabolizantes estão na sua composição e função - enquanto o primeiro é produzido a partir de substâncias presentes em alimentos, para suprir deficiências alimentares, o outro possui componentes químicos, com o poder de mexer com o equilíbrio hormonal, causando sérias consequências ao organismo. "Às vezes, não percebemos ou não desconfiamos que um suplemento alimentar pode estar alterado com estas substancias ilícitas. O consumidor tem que ficar atento para as mudanças bruscas na sua formação corporal, que são os principais indícios de que o produto pode conter substâncias nocivas", explica.

Mas é bom lembrar que mesmo os suplementos regularizados podem trazer dor de cabeça. Em caso de consumo sem acompanhamento médico, podem ocasionar efeitos colaterais pouco agradáveis, como risco de obesidade, sobrecarregamento dos rins e menor aproveitamento do organismo para os nutrientes consumidos. Já o uso dos esteroides acarreta sintomas muito mais graves, como acne, oscilação de humor, hipertensão arterial, esterilidade, insônia, aumento de colesterol ruim, problemas cardíacos e câncer hepático. No caso dos homens, também estão na lista impotência sexual, calvície e desenvolvimento de mamas. As mulheres, por sua vez, estão sujeitas a conviver com crescimento indevido de pêlos, engrossamento da voz, irregularidade menstrual, alargamento das cordas vocais, atrofia mamária e hipertrofia clitoriana.

Como usar

Em termos de resultados, embora com menos velocidade (e riscos) do que os anabolizantes, alguns suplementos, como os compostos de carboidratos, podem ser bastante eficientes para o ganho de massa muscular. Os baseados em aminoácidos, por sua vez, são mais apropriados atletas de elite, dispensáveis para a maioria dos marombeiros ocasionais. "Um atleta amador pode consumir suplementos, desde que eles sejam recomendados por um nutricionista, que saberá indicar o melhor produto, de acordo com a necessidade de cada um. Mas se a sua dieta está composta de todos os nutrientes, de forma equilibrada, não há necessidade deles. É apenas um gasto de tempo e dinheiro desnecessário. A comida é sempre a melhor opção".

Tipos de suplementos

A denominação dos suplementos dada pelo nutriente encontrado em maior proporção em sua fórmula, combinado com outros componentes em menores proporções. Confira os principais deles.

Hipercalóricos - Também conhecido como massas, são compostos de carboidratos (em maior proproção), proteína e gordura e vitaminas e minerais. Têm como função fornecer energia muscular, recuperação pós-treino ou complementação da ingestão calórica, em casos que ela não pode ser alcançada pela ingestão alimentar.

Hiperproteicos - Compostos basicamente de proteína. Os mais conhecidos são whey protein e os ámino ácidos, como a creatina, glutamina e arginina. São utilizados para ajudar em treinos de hipertrofia ou como fonte de energia para o músculo em determinado exercício.

Multivitamínicos - São produzidos a partir de uma série de vitaminas e minerais essenciais ao organismo. Fazem parte da cadeia respiratória para a obtenção de energia proporcionada pelo metabolismo aeróbio.



Fotos: Getty Images

Atualizado em 10 Abr 2012.