Cinema
Por Juliana Varella

“Os Mercenários 3” aposta em nova geração de anti-heróis

Apesar de introduzir personagens mais jovens, quem brilha ainda são os veteranos.

"Os Mercenários 3" chega aos cinemas no dia 21 de agosto (Divulgação)

Mais um episódio da série Mercenários chega aos cinemas. É o terceiro desde o filme lançado em 2010 e, como aquele, tem um objetivo muito claro: preencher a lacuna deixada pelos grandes filmes de ação dos anos 80 e 90 e agradar ao público masculino que quer ver a boa e velha combinação de armas de fogo, amizade e humor.

Os Mercenários 3” pode não ser inovador (nem um pouco), mas cumpre a promessa e oferece duas horas de diversão quase inofensiva. Se pensarmos friamente, assistir a pequenos massacres como se fossem brincadeira é um tipo bem macabro de diversão, mas, no cinema, isso por si só já constitui um gênero e, por enquanto, ainda é considerado “entretenimento”.

Violência à parte, o roteiro de Sylvester Stallone empurra o filme para outros campos muito mais interessantes: o conflito entre gerações, por exemplo, parece ser o tema central desta aventura.

Durante uma missão, Barney (Stallone) descobre estar perseguindo um velho inimigo que considerava morto: Stonebanks (Mel Gibson). Sabendo do perigo, o líder dos Mercenários dispensa toda a sua equipe e vai atrás de novos parceiros para terminar o serviço.

Sua motivação para fazer a troca não é das mais louváveis – está claro que ele prefere arriscar a vida de desconhecidos às de seus amigos, o que faz pensar um pouco sobre a fórmula em que se baseiam esses filmes. Veja só: morrem dezenas a cada sequência de ação, mas o público só sente a morte dos personagens que o cativam.

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Os novos Mercenários, apresentados rapidamente, não chegam a cativar, por isso o público não torce tanto por eles quanto por seus velhos conhecidos: Stallone, Jason Statham, Dolph Lundgren, Randy Couture e, em duas excelentes adições ao time, Wesley Snipes e Antonio Banderas. Harrison Ford e Arnold Schwarzenegger também dão as caras, só para não ficarem de fora.

Os jovens têm seu espaço, é claro: Glenn Powell interpreta um hacker superinteligente, que permite ao grupo planejar ações mais discretas e bem menos brutas. Kellan Lutz é um garoto rebelde, que desenvolve uma relação minimamente paternal com Barney. Já Victor Ortiz acrescenta pouco ao conjunto, sendo apenas mais um garoto desrespeitoso.

Ronda Rousey (campeã de UFC) interpreta a personagem feminina da vez: Luna. Num avanço considerável em relação aos filmes anteriores (e outros do gênero), Luna é uma mulher independente do começo ao fim: não precisa ser resgatada, não falha, não se torna namorada de ninguém, não trai nem abandona o time. Ela é parte da equipe e é tratada como tal, mesmo que não tenha muita personalidade ainda.

Patrick Hughes (“Busca Sangrenta”) assina a direção, competente mas um tanto afobada nas cenas de luta, frenéticas demais. A produção é grandiosa e a sequência final da guerra é tão exagerada que chega a ser cômica – mas essa é a ideia. Quando se trata de Mercenários, mais é mais.

Assista se você:

  • Gostou dos outros Mercenários
  • Gosta dos filmes de ação dos anos 80 e 90
  • Quer ver um filme divertido e bem masculino (mas não machista)

Não assista se você:

  • Não gosta de filmes violentos
  • Não gosta da combinação: homens fortões + armas + humor
  • Procura um filme mais complexo, para pensar

Por Juliana Varella

Atualizado em 22 Ago 2014.