Cinema
Por Juliana Varella

“Irmã Dulce” é beata arretada em filme de Vicente Amorim

Longa mostra lado rebelde da freira baiana, mas não consegue fugir dos padrões politicamente corretos do cinema nacional.

Bianca Comparato interpreta Irmã Dulce na juventude (Divulgação)

Mais uma biografia chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira. Desta vez, não será um músico que terá sua vida retratada nas telas, mas sim Irmã Dulce, freira baiana que dedicou a vida a ajudar os pobres e foi beatificada pelo Papa Bento XVI.

Dulce é interpretada no filme por três atrizes: quando criança, por Sophia Pereira Brachmans, depois por Bianca Comparato e, por fim, por Regina Braga. De todas, quem realmente dá personalidade à protagonista é Bianca, que revela uma Dulce atrevida e quase inconsequente, que sai do convento às escondidas e comete pequenos delitos para cuidar de moradores de rua.

A Dulce dos cinemas é uma espécie curiosa de freira-heroína. Mostrada como uma garota quieta e atenta na infância, algo mais próximo de uma santa, ela cresce para se tornar o pesadelo das freiras e dos políticos. Sem papas na língua, ela pede dinheiro para montar um hospital e exige que o convento ceda o espaço de um galinheiro para a construção.

O longa bate na tecla do isolamento das freiras e reforça um certo medo dessas de abrirem as portas depois do anoitecer. Se a questão é de gênero, porém, isso não fica claro, mesmo que num momento a irmã rebelde ouça que “é apenas uma mulher” e que, portanto, deve colocar-se em seu lugar.

A trajetória da beata tem pontos altos, como a visita a um terreiro de Candomblé e a invasão de uma casa abandonada com a ajuda de um assaltante, mas o filme não consegue manter um ritmo convincente. A vontade de ousar e de construir essa imagem heroica briga com a necessidade de transmitir uma pureza etérea e de passar mensagens politicamente corretas. Assim, a personagem, tão rica, acaba presa a um roteiro contido e, em muitos momentos, piegas.

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Com direção de Vicente Amorim (“Um Homem Bom”, 2008), “Irmã Dulce” oferece uma visão curiosa sobre a personagem baiana e ajuda a divulgar sua causa e seus feitos, mas não mergulha suficientemente fundo para convencer o público de sua força. O filme estreia no dia 27 de novembro.

Assista se você:

  • Gosta de cinebiografias
  • Quer saber mais sobre a história de Irmã Dulce
  • Procura um filme leve e positivo, com momentos divertidos

Não assista se você:

  • Não gosta de cinebiografias
  • Espera ver um filme ousado e fora dos clichês
  • Quer ver um filme mais agitado, com ação

Por Juliana Varella

Atualizado em 24 Nov 2014.