Cinema
Por Juliana Varella

“Eu me vi na atuação dele”, declara Patrick Stewart sobre James McAvoy

Atores falam sobre novo X-Men e sobre os rumos da tolerância no mundo atual.

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido estreia no dia 22 de maio no Brasil (Divulgação)

James McAvoy, 35, parece um garotinho ao lado de Patrick Stewart, 74, quando os dois atores se acomodam, lado a lado, na sala da coletiva de imprensa de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido em São Paulo. O olhar é de fã e de pupilo.

Os dois interpretam o mesmo personagem na franquia, mas nunca haviam se encontrado em cena até este filme, que vai e volta no tempo. A experiência foi um privilégio e um desafio para o jovem britânico, de sotaque carregado. “Eu sabia para onde estava indo, pois, à medida que o personagem envelhece, ele se aproxima mais da versão de Patrick. Mas estar à altura de Patrick e de Charles é estressante... Você se sente julgado.”, confessa.

Do outro lado, a resposta deve tê-lo tranquilizado: “A admiração é mútua. Fiquei impressionado quando vi o filme, porque eu vi elementos do Xavier que eu conhecia pela performance de James... E eu me vi”, declarou, diante de uma pausa reflexiva. “Preciso parabenizá-lo por isso.”

Os atores falaram, também, sobre o tema central da série: a tolerância às diferenças. Stewart se mostrou otimista e trouxe sua experiência de vida à mesa: “Eu já vivi tempo suficiente para ter visto evolução no mundo como eu nunca esperava ver. Temos paz de certa forma, numa certa parte do mundo, e eu vi o fim do Apartheid. Então, estamos dando passos à frente – às vezes parece que não, mas estamos”.

O ator aproveitou, também, para defender o amigo Ian McKellen (que, nos filmes, interpreta Magneto), que se assumiu gay no final dos anos 80. “Ter visto a coragem e o caráter de Ian, além do apoio da comunidade gay do Reino Unido numa época em que os atores não estavam dando esse passo, é uma das coisas que me dá esperanças na humanidade”, explicou, com toda a segurança do mundo. Bem falado, Patrick.

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Outro assunto polêmico levantado foi sobre os filmes de super-heróis. Os dois defenderam X-Men como sendo diferente de outras franquias de ação, mas McAvoy foi mais longe: “Super-heróis correm o risco de alienar a audiência, porque são 'super', e têm superproblemas. Mas quando vamos ao cinema, normalmente queremos ver a nós mesmos", analisa. Os personagens de X-Men, para ele, têm problemas mais humanos, por isso, o público consegue se identificar.

O personagem dividido pelos atores, é claro, também foi alvo de perguntas e defesas exaltadas. "Ele é um homem que acredita na democracia e no diálogo, ao invés da ação e da violência", ponderou Stewart. "Ele é um líder porque tem empatia, porque consegue se colocar no lugar dos outros", reforçou McAvoy.

Na coletiva, muita gente sentiu empatia foi pelos os problemas de McAvoy. Quando perguntado sobre o superpoder que gostaria de ter quando criança, o aparentemente extrovertido ator respondeu que adoraria "fazer as pessoas gostarem dele", ter o poder da "confiança" e, finalmente, da "invisibilidade". Mal sabia ele que chegaria tão longe.

Por Juliana Varella

Atualizado em 21 Mai 2014.