Cinema
Por Juliana Varella

Crítica: “O Conto da Princesa Kaguya” adapta conto tradicional japonês com simplicidade e a melancolia

Animação concorreu ao Oscar e chega aos cinemas no dia 16 de julho.

O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Animação (Divulgação)

Filmes do estúdio Ghibli sempre impressionam o público ocidental, pouco acostumado à animação artesanal. De fato, trabalhos como “Meu Vizinho Totoro” (1988) e “O Mundo dos Pequeninos” (2010) são obras de arte feitas de milhares de quadros pintados à mão, mas há muito mais nas entrelinhas do cinema japonês do que suas belas imagens.

O Conto da Princesa Kaguya” é o quarto filme do estúdio a receber uma indicação ao Oscar de Melhor Animação, depois de “A Viagem de Chihiro” (2001), que foi vencedor, “O Castelo Animado” (2004) e “Vidas ao Vento” (2013). Diferente desses três, porém, “Kaguya” exalta a simplicidade dos traços, oferecendo um produto audiovisual que mais parece um livro ilustrado, com contornos expressionistas que acompanham o estado de espírito da protagonista.

O filme adapta uma fábula tradicional japonesa, conhecida como “o conto do cortador de bambu” (Taketori Monogatari), de forma quase literal. A protagonista é Kaguya, uma espécie de espírito encontrado num broto de bambu, que se transforma numa criança e cresce muito rapidamente sob os cuidados de um cortador de bambu e sua esposa.

À medida que Kaguya cresce, ela se revela uma criança alegre e cheia de energia, apaixonada pelas plantas e animais. Seu pai adotivo, porém, tem outros planos e, depois de encontrar ouro e tecidos nobres em outros bambus mágicos, ele decide comprar para a filha um título de princesa e treiná-la como tal, condenando a jovem a uma vida de silêncio e submissão longe das florestas.

O filme, assinado por Isao Takahata, passa longe do otimismo multi-colorido das animações norte-americanas, mas também não chega ao nível de olhos inchados de seu longa mais importante, “O Túmulo dos Vagalumes” (1988). “O Conto da Princesa Kaguya”, pelo contrário, assume um tom melancólico e reflexivo, explorando os dilemas insolúveis de uma protagonista que não pode ter controle sobre seu futuro, ora sendo guiada pelas vontades do pai, ora pelas de seus verdadeiros criadores.

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A animação, que estreia no dia 16 de julho, não é apenas para o público infantil, mas pode ser mostrada às crianças sem preocupações, já que é bastante educativa. Para os adultos, ela desabrocha como uma obra complexa e poética, e ajuda a lembrar que nem só de comédia e ação vive o cinema animado.

Por Juliana Varella

Atualizado em 16 Jul 2015.