Cinema
Por Juliana Varella

Crítica: Kevin Costner vive anti-herói perturbado em “Mente Criminosa”

Filme chega aos cinemas no dia 14 de abril.

Kevin Costner interpreta um sociopata que recebe as memórias de um agente da CIA (Divulgação)

Nem todo filme precisa ser cabeça. Mas um filme despretensioso pode ter, simplesmente, as doses certas de ação, drama e suspense para manter o espectador interessado até o fim. “Mente Criminosa”, que estreia no próximo dia 14, é assim.

O filme dirigido por Ariel Vromen (“O Homem de Gelo”) traz Kevin Costner no papel principal, como um anti-herói que lembra os valentões de Liam Neeson (um pouco como Costner já fizera em “3 Dias Para Matar”), mas com uma atuação consideravelmente mais compromissada.

O ator interpreta Jericho, um sociopata que passou a maior parte da vida na prisão, porque um acidente na infância fez com que ele perdesse completamente a empatia e as noções de certo e errado (o que, somado às circunstâncias desse acidente, transformaram-no em um assassino).

Essa deficiência, porém, torna-o o candidato perfeito para uma ação desesperada da CIA: a replicação das memórias de um agente morto em seu cérebro. O espectador pode questionar a base científica para tal operação, mas o pouco de explicação que o filme coloca é suficiente para que se “compre” a história e siga sem problemas.

Passado o estranhamento inicial, o público logo se verá hipnotizado pela evolução de Jericho – que passa a ter os dois personagens dentro de si, numa convivência conflituosa que rende ótimos momentos. Vale notar que o criminoso nunca deixa de ser ele mesmo (ele não “reencarna” o agente, como seria a opção mais charlatã), mas “agrega” um pouco dos sentimentos e conhecimentos do outro em sua própria personalidade.

Continua depois da publicidade

Além de Costner, o longa também traz no elenco nomes como Gal Gadot, Ryan Reynolds, Tommy Lee Jones, Gary Oldman e Michael Pitt. Gadot, que recentemente roubou a cena em “Batman vs Superman” como a Mulher Maravilha, não tem aqui um papel tão empoderador – ela é, afinal, “a esposa” e “a mãe” que precisa ser resgatada em algum momento –, mas, ainda assim, é uma personagem forte que não vai decepcionar o público feminino.

Se o elenco é um dos pontos altos do filme, o ponto baixo é a dupla de vilões formada por Antje Traue e Jordi Mollà, cujas motivações são mostradas apenas vagamente e cujas personalidades se resumem a estereótipos de “chefão calmo e violento” e “capanga devota e ineficiente”.

“Mente Criminosa” é um filme médio que acaba ganhando o espectador por acertar no tom: há um pouco de humor, romance e suspense e um tanto de drama, mas o foco nunca deixa de ser a ação. Despretensioso, mas bem feito, este é aquele filme que poderia passar na televisão no meio da tarde – e você assistiria até o último minuto sem mudar de canal.

Por Juliana Varella

Atualizado em 10 Mai 2016.