Cinema
Por Ricardo Archilha

Crítica: Com cenas de sexo explícito em 3D, "Love" estreia nesta quinta

Em seu novo longa, Gaspar Noé não poupa sequências calientes para narrar uma história frustrada de amor.

Divulgação

Do clássico "Ló em Sodoma", 1933, ao recente "Ninfomaníaca", 2013, vemos o sexo como tópico amplamente explorado nos cinemas - seja nas cenas ou no enredo em si. E nos últimos anos, como se não bastasse, tabus vêm sendo quebrados e, por consequência, há uma maior aceitação (e até certo anseio) em relação ao tema. A novidade da vez, aguardadíssima por sinal, é "Love", novo projeto do argentino Gaspar Noé.

Dos boatos fez-se o frisson. Da estreia em Cannes, a polêmica. Por quê? "Love" é o primeiro longa com cenas de sexo explícito inteiramente gravadas em 3D - o suficiente para aguçar a curiosidade de qualquer espectador. Eis que o filme chega às salas mundo afora e, no final das contas, comprova a tese de que uma trama interessante, uma fotografia excelente e um bom burburinho não são, de forma alguma, suficientes para sustentar um roteiro ruim.

Os arrastados 134 minutos do longa seguem a história de Murphy (Karl Glusman), rapaz frustrado com a vida que leva ao lado da mulher (Klara Kristin) e do filho. Após o telefonema da mãe de sua ex-namorada Electra (Aomi Muyock), Murphy relembra a ardente paixão compartilhada com a antiga amante. A partir daí, flashbacks revelam o passado do protagonista, basicamente composto por, adivinhem, as famigeradas sequências de sexo. Até o 3D, com a promessa de intensificar a identificação do espectador com o protagonista, acaba sendo recurso descartável e que pouco acrescenta à obra como um todo.

Mascarado por um existencialismo choco, o melodrama não chega a lugar algum - a impressão é que as cenas são jogadas na tela ao prazer do diretor. É indiscutível, porém, a beleza plástica do longa. Acompanhada por uma irresistível trilha sonora, a fotografia revela o melhor dos aspectos da direção de Noé. Somando a + b, "Love" mostra ser mais uma crônica melancólica sobre um amor perdido. Saudades "Ninfomaníaca"...

Por Ricardo Archilha

Atualizado em 11 Set 2015.