Cinema
Por Juliana Varella

Christian Bale encarna herói bíblico em “Êxodo – Deuses e Reis”

Novo filme de Ridley Scott estreia no dia 25 de dezembro.

Christian Bale interpreta Moisés, hebreu que foi criado pelos egípcios (Divulgação)

Mais um episódio bíblico chega aos cinemas em formato de blockbuster neste Natal. Depois do surpreendentemente bem-sucedido “Noé”, lançado no primeiro semestre, é a vez de “Êxodo – Deuses e Reis” ocupar as telas com uma mistura de ação, religião e muitos efeitos especiais.

Não ser religioso parece ser um pré-requisito para dirigir superproduções como estas: tanto Darren Aronofsky (“Noé”) quanto Ridley Scott (“Êxodo”) se declaram ateus e apoiam em seu perfeccionismo e na habilidade de contar histórias a confiança para reproduzir trechos tão polêmicos da Bíblia.

A história escolhida por Scott, de fato, nem precisaria do fator religioso para render um bom filme: Moisés (Christian Bale) e Ramsés (Joel Edgerton) cresceram lado-a-lado, como irmãos, mas, enquanto um é o herdeiro direto do trono egípcio, o outro é órfão e trabalha como general. Quando Moisés se descobre hebreu, ele troca de lado e lidera a luta pela libertação de seu povo contra aqueles que o criaram.

O longa exalta o lado guerreiro de Moisés, colocando a situação mais como uma revolução operária do que como uma fuga em massa – o que acaba acontecendo num segundo momento, depois que Deus lança suas pragas sobre Ramsés.

Esse Deus, aliás, é retratado como uma criança e interpretado por Isaac Andrews, de 11 anos. Suas palavras são as de um adulto, mas seu temperamento é infantil: impaciente, vingativo e, em alguns momentos, teimoso – como quando decide a última praga, surdo aos protestos de Moisés.

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O filme não economiza em efeitos, mas consegue equilibrá-los num visual mais realista, inclusive na esperada cena da abertura do mar. Há alguns exageros que incomodam – como o excesso de moscas, sapos e gafanhotos na sequência das pragas, e a quantidade de soldados de Ramsés que conseguem chegar à praia, mesmo depois de uma avalanche. Isso, porém, não prejudica a impressão geral do filme: a de grandiosidade e de perfeccionismo.

O diretor acerta em cheio ao escalar Bale e Edgerton nos papéis principais, mesmo que acabe desperdiçando nomes como Sigourney Weaver e Aaron Paul em personagens que pouco interferem na evolução da história. A atuação de Bale é intensa e coloca o personagem no limite entre a fé e a loucura, sem estereotipar o papel de “mensageiro”: ele mesmo se mostra insatisfeito com as crueldades que ouve de seu Deus-menino, e busca a razão em meio à guerra – perdendo-a de vez em quando.

Com “Êxodo”, Scott recupera uma reputação que vinha sendo abalada por sucessivos fracassos de bilheteria, como os recentes “O Conselheiro do Crime” e “Prometheus”. Este é um filme seguro e bem-feito – longo, cansativo em alguns momentos, mas sem falhas. Uma boa aventura hollywoodiana. A sensação é de que Scott, finalmente, está de volta.

Por Juliana Varella

Atualizado em 15 Dez 2014.