Cinema
Por Juliana Varella

“A Bela e a Fera”: produção francesa recria conto de fadas

Léa Seydoux e Vincent Cassel são os protagonistas do filme que estreia no dia 25.

As cores do filme lembram, em alguns momentos, os tons pastéis dos livros infantis (Divulgação)

Uma nova versão do conto de fadas “A Bela e a Fera” está chegando aos cinemas. É francesa e infantil – combinação difícil para um cinema conhecido pela sensualidade e pelo drama. O filme tem direção de Christophe Gans e traz a ousada combinação de Léa Seydoux ("Azul é a Cor Mais Quente") e Vincent Cassel ("Cisne Negro") nos papéis principais.

Para atrair o público mirim, a produção investiu em cenários majestosos e digitais, buscando um visual próximo de “Alice no País das Maravilhas” ou “Malévola”. Além disso, o roteiro incluiu criaturinhas supostamente simpáticas, tentando suprir a falta das louças falantes que cativaram os pequenos no desenho clássico da Disney.

Como o conto original é francês (escrito por Gabrielle-Suzanne Barbot de Villeneuve no século XVIII), grande parte da história segue essa versão. O pai de Bela, por exemplo, é um mercador que perdeu tudo durante um naufrágio. A heroína tem duas irmãs e três irmãos, e é a mais nova. Seu pai é ameaçado pela Fera ao tentar pegar uma rosa de seu jardim, depois de gozar da hospitalidade e das riquezas do monstro.

As diferenças aparecem a partir do segundo ato, quando Bela finalmente vai ao castelo em troca da vida de seu pai. O que vinha se construindo como um drama familiar (já que Bela era invejada pelas irmãs e um dos irmãos estava metido em problemas) começa a se transformar num romance pouco convincente.

Ao contrário do conto e até da versão animada, esta Fera não tem longas conversas com Bela nem tenta conquistá-la pelo intelecto, mas sim pela força. Distribui ordens como um general e enche sua hóspede de presentes como se fosse uma obrigação. Mesmo assim, ela sonha com o passado da Fera e tenta descobrir seus segredos.

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Esse passado, no caso, foi totalmente reinventado para o longa, envolvendo um deus da floresta no lugar da bruxa (será que bruxas estão fora de moda?) e uma grande história de amor. Também é novo o personagem Perducas, que serve de antagonista para a Fera e que conduz a história para um desfecho hollywoodiano.

Se sobra tensão sexual na relação entre Bela e a Fera, falta sutileza em todo o resto: o humor é forçado, os gracejos infantis são mal colocados, a batalha épica é barulhenta e sem emoção. Como uma superprodução, o filme acerta no design de ambientes, na cor e figurino, mas erra nas criaturas mágicas; acerta no elenco, mas erra no tom. Tudo parece ter passado um pouco do ponto... A receita desandou.

Assista se você:

  • É fã de contos de fadas
  • Quer ver uma produção francesa com estilo hollywoodiano
  • Quer ver o filme pela cor e pelo design

Não assista se você:

  • Espera ver uma versão adulta do conto
  • Procura um filme tão divertido quanto o desenho de 1991
  • Espera ver um filme mais autoral

Por Juliana Varella

Atualizado em 23 Set 2014.