Com a chegada da primavera, que neste ano vai de 22 de setembro a 22 de dezembro, os dias são mais longos, a temperatura mais amena e a presença da natureza é maior. Neste momento, muitas pessoas relatam uma sensação maior de bem-estar e leveza e a estação do ano costuma ser associada a sentimentos de renovação, esperança e bem-estar. Mas será que a ciência comprova essa sensação generalizada?
Em diversas culturas ao redor do mundo, a transição do inverno para a primavera é um momento especial, celebrado com festividades que homenageiam o renascimento da natureza e a chegada de dias mais ensolarados.
Conforme afirma o jornal O Globo, na Índia, por exemplo, o Holi é uma das festas mais vibrantes que marca a chegada da primavera. Conhecido como o Festival das Cores ou do Amor, é celebrado com danças, música e a tradicional troca de pós coloridos.
A "febre neuronal", popularmente conhecida como "febre da primavera", refere-se a uma série de mudanças comportamentais e emocionais que algumas pessoas experimentam com a chegada da primavera.
Carina Castro Fumero, neuropsicóloga infantil, destaca que a mudança das estações, especialmente a primavera, pode ter um impacto significativo na nossa saúde mental, já que não apenas modifica o ambiente ao nosso redor, mas também pode acionar mecanismos complexos no cérebro humano.
“Uma das mudanças mais relevantes ocorre graças à luz solar, pois afeta o nosso ritmo circadiano, o relógio biológico interno que regula os ciclos de sono e vigília. À medida que a produção de melatonina diminui com o aumento da luz do dia, muitas pessoas sentem mais energia e menos sonolência diurna. Mas além disso, a luz solar estimula a produção de serotonina, ajudando a combater a tristeza do inverno e aumentar a sensação de bem-estar e felicidade. Essa mudança melhora nosso humor e energia”, disse Fumero em entrevista ao jornal.
A febre neuronal descreve uma sensação de excitação e entusiasmo que algumas pessoas relatam durante a primavera. Essa condição é caracterizada por um aumento na atividade cerebral e, muitas vezes, leva a uma mudança de humor que é percebida como um "frescor" ou renovação.
As mudanças nas horas de luz e no clima mais ameno podem influenciar a produção de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, que estão relacionados à sensação de felicidade e bem-estar.
Norman Rosenthal, um psiquiatra norte-americano, foi o primeiro a descrever clinicamente o que denominou de transtornos afetivos sazonais (TAS). Em seu livro "Defeating SAD", ele compartilha sua jornada pessoal com essa condição, relatando como os invernos longos e escuros o deixavam profundamente deprimido, enquanto as primaveras o inundavam de alegria e energia.
“O fenômeno é real, comprovado cientificamente e se expressa de diversas formas. Em alguns casos, torna-se uma espécie de euforia excessiva. As pessoas se apegam às horas de luz que crescem dia a dia, enchendo-as de novas atividades. Há um certo desejo de comer o mundo com uma só mordida. É uma febre na definição perfeita”, explica o psiquiatra.
Sendo assim, pode-se afirmar que a primavera, com seus dias mais ensolarados e vibrantes, pode proporcionar sim uma sensação de renovação e bem-estar para muitas pessoas, especialmente para aquelas que são afetadas pelo clima mais escuro e frio do inverno.
No entanto, a relação entre as estações e a depressão é complexa e varia de indivíduo para indivíduo. O importante é estar atento aos sinais e procurar ajuda quando necessário, lembrando que a saúde mental precisa de cuidados contínuos, em qualquer época do ano.