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Há quem espere pela Copa do Mundo. Outros aguardam ansiosamente pelas eleições. Mas há também alguns que, talvez participantes dos grupos anteriores, contaram os dias dos últimos dois anos para a chegada da Bienal do Livro de São Paulo. Para estes, agosto foi especial e, para os envolvidos no evento, o mês foi lucrativo. Cerca de 745 mil pessoas passearam pelos estandes das diversas editoras no Pavilhão do Anhembi.
Prometendo recuperar os leitores perdidos na feira anterior, a Bienal passou por uma reformulação importante e, segundo a organização, a mais cara da história: R$ 30 milhões foram investidos em 200 convidados, 350 expositores e cerca de 1.000 horas de programação.
Minha primeira visita foi na quinta (12). Os veículos de comunicação alertavam que o primeiro dia de feira não seria aberto ao público e, no entanto, algumas pessoas desavisadas passaram por lá. O dia foi frio e alguns estandes ajustavam os últimos detalhes, antes da abertura. Centenas de crianças passeavam pelo grande tapete vermelho, perplexas com a imensidão do lugar, enquanto professoras se desesperavam para manter o grupo junto. Lembro de que o primeiro dia foi tranquilo e que quase pudemos andar sem pressa entre os corredores.
Nos nove dias seguintes, a tentativa de andar sem desviar de alguém no tapete era grande, mas variava conforme a data. A sexta-feira 13 possibilitou que o tema sombrio e vampiresco tomasse conta do lugar e que o diretor José Mojica Marins, com o seu famoso personagem Zé do Caixão, desse a polêmica declaração: "Crepúsculo é uma fitinha de boiola". Os fins de semanas foram os mais tumultuados, em especial o último sábado (21), que recebeu 110 mil visitantes. Foi então que a necessidade de aumentar o público conflitou com problemas de infraestrutura, como falta de sinalização e a organização no estacionamento.
Problemas à parte, a Bienal do Livro deste ano foi um evento para se lembrar. O espaço Salão de Ideias foi o grande alvo do público. Em destaque, a palestra com a escritora Lygia Fagundes Telles, que lotou os 150 lugares disponíveis. O evento fez com que as demais que não conseguiram entrar se contorcessem nas paredes de vidro para espiar a lenda literária, que precisou de escolta para andar pelos corredores do evento.
As pessoas também lutavam para conseguir um lugar na arena gastronômica Cozinhando com Palavras, onde chefs, críticos e profissionais da área discutiam sobre determinados temas. Enquanto isso, experimentavam pratos diversos de 15 restaurantes convidados pelo idealizador do projeto, André Boccato.
Quem foi pré-adolescente na década de 80 também pode, assim como eu, se afundar na nostalgia com a palestra de Pedro Bandeira sobre os Karas. A vontade era chegar em casa, reunir os livros e começar a ler tudo de novo, desde A Droga da Obediência até A Droga de Americana.
Ainda não foram divulgados os números oficiais da 21ª Bienal do Livro de São Paulo, mas algumas editoras já comentam que tiverem lucro 50% maior em relação à feira anterior. Estima-se até que o Anhembi recebeu uma média de 74 mil pessoas por dia. A Câmara Brasileira do Livro conseguiu se recuperar. Algumas pessoas aguardam pela próxima e cabe então a dúvida: qual será o futuro da feira já que, segundo o tema desta edição, o futuro do livro é digita? Mas isso já é assunto para outra coluna.
Leia as colunas anteriores de Denise Godinho:
O escultor e suas obras
O que faz: Jornalista.
Pecado Gastronômico: Spaghetti ao molho de gorgonzola do Café Girundino.
Melhor Lugar do Mundo: Qualquer lugar com os amigos.
O que está ouvindo em seu iPod, mp3, carro: Desde música brasileira com Paulinho Moska e Zeca Baleiro, passando pelo rock alternativo de bandas como Franz Ferdinand, até as músicas "fofas" de She & Him.
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